OCUPAÇÕES E LUTAS PELO DIREITO À MORADIA EM FEIRA DE SANTANA: A PERSPECTIVA DOS INVISIBILIZADOS

THE PERSPECTIVE OF THE INVISIBILIZED

Résumé

O objetivo deste artigo é compreender a produção da cidade de Feira de Santana, sob a ótica das ocupações que nela ocorreram, com vista a visibilizar a história de sujeitos e grupos que, organizados ou não, fizeram da luta pela moradia a produção concreta de parte de sua história. Com base em estudos qualitativos e foco na trajetória de vida de sujeitos, a metodologia centrou-se em: pesquisas bibliográficas sobre lutas por moradia no Brasil e ocupação; pesquisas documentais em jornais antigos, leis, planos, programas municipais e banco de dados do IBGE; entrevistas semiestruturadas com 50 moradores de 33 ocupações, 3 pesquisadores e 2 memorialistas; e observações assistemáticas, com conversas informais, percursos urbanos e recursos etnográficos. Conclui-se que a ocupação de terras urbanas, no Brasil, é uma das grandes marcas dos pobres na luta por existir e viver na cidade, o que colide com os interesses das classes dominantes, as quais controlam o acesso à terra. As contradições da sociedade capitalista estruturam-se na desigualdade social, que se alia à valorização fundiária, e impossibilitam os pobres de ter direito à moradia. E Feira de Santana, como recorte desse contexto, seja no centro ou na periferia, contém as marcas das inúmeras formas de ocupações e desvela os dramas, mas também as estratégias da produção da cidade sob a ótica dos subalternizados