O trabalho com os gêneros digitais na BNCC: reflexões acerca da verticalização e homogeneidade no ensino

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22297/2316-17952025v14e02505

Palavras-chave:

BNCC, Gêneros digitais, Homogeneidade no ensino

Resumo

A partir da década de 1990, documentos de caráter oficial surgiram seguindo uma tendência neoliberal e sendo voltados à implantação de novas perspectivas para as práticas pedagógicas, as quais não necessariamente consideraram as realidades e possibilidades das nossas escolas. Nessa mesma perspectiva, foi homologada em 2018, em meio a um conturbado contexto político-ideológico, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que se pauta em uma uniformização do ensino na educação básica. Nesse viés, uma das problematizações acerca do documento diz respeito à forma como a BNCC busca articular a esfera tecnológica ao ensino, mais especificamente com relação ao estudo de Língua Portuguesa. Seguindo esse mote, a partir de uma pesquisa qualitativa, o presente trabalho se propõe a refletir e problematizar a maneira como os gêneros digitais são contemplados na BNCC, focalizando o ensino fundamental – anos finais, bem como elucidar possíveis consequências, para o ensino de língua materna, que a abordagem desses gêneros implica no contexto escolar. Para tanto, partimos das concepções teóricas de Marcuschi (2003, 2004, 2008) acerca dos gêneros textuais e dos gêneros digitais. Quanto ao aporte que fundamenta nossas análises, destacamos as contribuições de Apple (2011), Fabiano (2016), Geraldi (2016), Guimarães (2022) e Orlandi (1987a; 1987b; 1987c; 2020). Por fim, criticamos a incorporação excessiva de gêneros digitais no documento, a presença da homogeneidade no ensino, e apontamos uma ênfase na produtividade e na escrita como produto e não como processo, em que o sujeito é levado a aprender modelos estruturais e reproduzi-los.

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Biografia do Autor

Álvaro Lopes Silva da Rocha, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL/UFRN), especialista em Fundamentos Linguísticos para o Ensino da Leitura e da Escrita e licenciado em Letras Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Membro do Grupo de Pesquisa em Estudos do Texto e do Discurso (GETED).

Melina Nascimento Gomes , Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL/UFRN), especialista em Fundamentos Linguísticos para o Ensino da Leitura e da Escrita e licenciada em Letras Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Membro do Grupo de Pesquisa em Estudos do Texto e do Discurso (GETED).

Valnecy Oliveira Corrêa Santos , Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Docente da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre o Sujeito e suas práticas de Leitura e Escritura (GESLE) e membro do Grupo de Pesquisa em Estudos do Texto e do Discurso (GETED).

Sulemi Fabiano Campos, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Líder do Grupo de Pesquisa em Línguas Angolanas no Contexto Escolar (LAnCE) e do Grupo de Pesquisa em Estudos do Texto e do Discurso (GETED).

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Publicado

08-07-2025

Como Citar

ROCHA, Álvaro Lopes Silva da; GOMES , Melina Nascimento; SANTOS , Valnecy Oliveira Corrêa; CAMPOS, Sulemi Fabiano. O trabalho com os gêneros digitais na BNCC: reflexões acerca da verticalização e homogeneidade no ensino. Diálogo das Letras, [S. l.], v. 14, p. e02505, 2025. DOI: 10.22297/2316-17952025v14e02505. Disponível em: https://homologacaoperiodicos.apps.uern.br/index.php/DDL/article/view/6965. Acesso em: 17 jul. 2025.

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