Representação dos falantes em materiais didáticos de ensino de língua inglesa: idealização do nativo e da cultura anglo-americana
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952025v14e02508Palavras-chave:
Idealização, Materiais didáticos, Ensino de língua inglesaResumo
Este trabalho tem como objetivo analisar manifestações do imperialismo linguístico em materiais didáticos voltados ao ensino de língua inglesa. No campo do ensino linguístico, tais materiais podem funcionar como instrumentos de reprodução de ideais de supremacia e hierarquização cultural (Kumaravadivelu, 2012). Observa-se uma tendência na didática do inglês em enfatizar a vida cotidiana, os valores e comportamentos do falante nativo, sobretudo das culturas estadunidense e britânica, com propósitos imperialistas (Phillipson, 1992; Pennycook, 2002; Kumaravadivelu, 2003; Siqueira, 2012). Nesse contexto, o presente estudo objetivou investigar como a representação dos falantes é construída nesses materiais, no que tange a representações imperialistas. Para tanto, aplicou-se um questionário a professores de língua inglesa vinculados à 10ª Gerência de Ensino da Secretaria de Educação do Estado da Paraíba, a fim de identificar os materiais didáticos mais utilizados. Com base nos dados coletados, selecionou-se o corpus para análise, fundamentada nos pressupostos teóricos da Linguística Sistêmico-Funcional (Halliday, 1994) e da Linguística Aplicada Crítica (Moita Lopes, 1996; Pennycook, 1994; 2002; Rajagopalan, 2005; Siqueira, 2005, 2012). Os resultados indicam que os materiais didáticos analisados promovem uma representação idealizada dos falantes nativos, especialmente dos Estados Unidos e do Reino Unido, construindo suas culturas como modelos normativos, superiores e desejáveis. Além disso, evidencia-se a marginalização das variedades não nativas e de outras culturas, configurando uma naturalização das ideologias linguísticas coloniais presentes no ensino do inglês. Tal representação impacta diretamente as práticas pedagógicas e as concepções de docentes e aprendizes, reforçando noções de legitimidade linguística restritas à proximidade com o falante nativo.
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